Quando Eduarda Porfírio Costa tinha 21 anos e um mês ela resolveu começar a assistir a série Jane, a virgem. Eduarda estava precisando ver uma produção de qualidade, que deixasse seu coração quentinho, e ajudasse ela a não sentir tanta falta do namorado durante a quarentena. Já contavam seis meses que não via o amado.
A história de uma mulher de 25 anos ainda virgem, por razões religiosas, que engravida devido a uma inseminação artificial feita acidentalmente lhe pareceu perfeita. Em poucos dias ela mergulharia na realidade de Jane Gloriana Villanueva, sendo instigada a cada suspense deixado no fim de um episódio. Era como assistir uma versão latina-estadunidense de Avenida Brasil, mas com acontecimentos mais doidos e reviravoltas muito criativas. E a jovem não precisou se preocupar em se perder no meio de tanta coisa, porque tinha sempre um narrador para situar ela.

O clima de novela da série a ajudava a se sentir mais aconchegada, ainda que assistisse legendado, a trama poderia facilmente se passar no Brasil, senão fossem as referências constantes aos países vizinhos da América Latina e as questões de imigração. A relação tão próxima entre Jane, Alba, Xiomara e mais tarde Rogelio, poderia ser encontrada em qualquer lar periférico das terras tupiniquins.
A protagonista ainda conseguia fugir dos estereótipos que Eduarda estava acostumada a ver em outras produções que traziam mulheres latino-americanas. Não demorou para que a jovem adulta se identificasse de cara com a organização de Jane, além do amor pelos livros de romance e a religiosidade da personagem, mesmo que fosse católica. Jane também inspirava muito Duda a escrever, quando estava na frente do computador dando lugar a sua imaginação fertil.

Esse conjunto de elementos foram fundamentais para prender a atenção de Eduarda ao longo das três primeiras temporadas, quando a busca do traficante Sin Rostro tinha sido deixada de lado.
As coisas parecem finalmente estar se encaixando e a trama se encaminhando para o desfecho perfeito, contudo, a morte de Michael deu outro tom à narrativa. Algo bem diferente do que Eduarda estava acostumada, mas, de igual qualidade. A série se aproximava cada vez mais da realidade, abordando a situação de imigrantes ilegais nos Estados Unidos, sexualidade e transtornos mentais.

A quinta temporada e última, por outro lado, se perdeu no meio do caminho. Ao tentar trazer o final ideal, com todos os personagens preferidos do público, acabou repetindo o mote do início. No entanto, dessa vez, o triângulo amoroso Jane, Rafael e Michael se tornou chato e enfadonho, para Eduarda foi um dos piores fan service que já viu.
Alguns aspectos importantes da trama foram deixados de lado e tratados de forma muito superficial para Eduarda. Em contrapartida, ela gostou das críticas que a produção fazia ao governo Trump e a sua política contra os imigrantes.

Se ela pudesse voltar atrás, teria ficado na terceira temporada, quando as coisas dão certo e o final feliz ocorre como ela queria. Porém, Eduarda não pode deixar de dar o crédito à última reviravolta, que não conseguiu prever nem de longe. Mas, se você quiser saber, terá que assistir.
Ainda assim, Eduarda não se arrepende das horas que gastou aos domingos maratonando Jane, a virgem para relaxar após uma semana cansativa. Ela não chegou a chorar, entretanto, vibrou ao perceber o crescimento dos personagens ao longo dos episódios, até mesmo da fria Petra e do insuportável Rafael, que ao fim se tornou tolerável (pelo menos, para Eduarda).
Jane, a virgem tem cinco temporadas e está disponível na Netflix.